Pretensão salarial na entrevista de emprego?

Em processos seletivos de vagas de emprego, candidatos muitas vezes se deparam com o dilema de informar suas expectativas salariais. Pedir um valor muito alto pode excluir o trabalhador. Um salário muito baixo, por outro lado, abre caminho para a autodesvalorização e oportuniza a redução da oferta inicial pelos recrutadores. Mas há mais do que apreensão pessoal em jogo nessas situações.

Embora a lei não proíba expressamente o pedido de pretensão salarial nas entrevistas de emprego, esta prática viola a boa-fé contratual. A transparência é essencial em qualquer espécie de contrato, incluindo as relações de trabalho. Quando um empregador omite a faixa salarial da vaga, transferindo a responsabilidade da precificação do trabalho para o candidato, é gerado um claro desequilíbrio.

Diversos países têm promulgado leis que exigem clareza salarial nos anúncios de emprego. Nos Estados Unidos, ao menos 10 estados exigem que os salários sejam indicados já na publicação das vagas. Essa tendência também é observada em discussões legislativas ao redor do mundo, inclusive no Brasil.

A Justiça do Trabalho entende que é dever do empregador informar as condições reais da vaga desde o início do processo seletivo. Esse movimento, legislativo e judiciário, reflete uma evolução em direção a maior transparência nas contratações.
E nos lembram que a entrevista de emprego não é uma terra sem lei.

O pedido de pretensão salarial é apenas mais um exemplo de prática abusiva normalizada pelo mercado de trabalho, responsável por perpetuar silenciosamente ciclos de desigualdade. Saber o salário da vaga ofertada é o primeiro passo para não ser prejudicado no novo emprego, além de ajudar a identificar práticas de discriminação salarial baseada em gênero, etnia, idade ou outros fatores.